segunda-feira, 20 de junho de 2011

Vício na veia

Eu devo estar doente. Pelo menos é o que dizem os médicos, mesmo eu ainda não tendo consultado nenhum, para saber mais sobre isso. Mas só pelos sintomas, e pelo que já li, sei que não tem cura e que nos casos mais agudos os especialistas já a batizaram de hipergrafia aguda, não contagiosa e tipo coceira: Quanto mais coça, mais se quer coçar!

Estou viciado! É uma coisa que vêm do límbico (parte do cérebro ligada a emoção e que você nem sabia que tinha!); às vezes preciso entrar num bar para pegar uma seda, pensando até que se tivesse qualquer outra droga de papel, naquela hora, eu usaria. Pois substitui meu celular quando acaba a bateria e é a melhor solução mesmo sem tecnologia.

Não faço ideia de como adquiri essa coisa, mas o único remédio que achei para diminuir o ardor é continuar. Pois é algo que toma minha mente, me empurra, começa sussurrando e logo grita: Escreva! Meu vicio é escrever. Quase um sexual prazer, feito sozinho, com o calor da troca de gametas e a frieza de uma... Bom, deixa pra lá. Deu pra entender.

As crises são frequentes, ocorrem em todo lugar e nos momentos mais inusitados. Quando estou no banho; nas poucas vezes que frequento missas; no meio de reuniões; bate-papos informais; no escuro; no claro; depois do prazer; logo após eu correr, vêm com mais força a me atropelar; e até na ânsia de vômito, ela se manifesta implorando pelo bem estar.

O pior ainda é quando acontece a noite. Fico agitado, acelerado e é até difícil dormir tranquilo. Tenho que ter sempre algo do lado que me alivie e que me permita expressar. Garanto que se visse a minha letra, para poder registrar, acharia ou que sou médico ou um médium a psicografar. O mais curioso disso é que, apesar de tudo, dá um prazer incrível!

Nem penso em parar. Seria como abortar um filho querido, que ainda nem nasceu, mas já se pode imaginar a feição, a cara, o jeito. E por isso mesmo nem existe a possibilidade de pensar em estragar o êxtase que ele pode proporcionar depois de pronto, apresentado. Nunca fui a favor de coito interrompido. E é por isso que, atualmente, penso e logo registro.

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