quarta-feira, 25 de maio de 2011

Parada cultural

Carpe Diem! Dizia a tatuagem estampada no braço daquele cara, que se estrebuchava a minha frente, enquanto eu estava parado no semáforo. – O cara tá tendo um troço? – Pensei, já me preparando para acudir! Não. Era só mais um artista de rua, e seus truques mirabolantes, se apresentando numa espécie de “se vira nos trinta” a céu aberto.

Que susto! Isso por que sua tatuagem sugeria que eu “aproveitasse o momento”! Como seria possível se, ao ver aquele monte de munganga que ele fazia com a cara ao mesmo tempo que jogava umas madeiras pegando fogo para o alto, eu não conseguia pensar em outra coisa se não a preocupação de que aquela porra podia cair e incendiar meu carro!?

Sei que já devia ter me acostumado, afinal, moro a muito tempo nesta cidade, mas como tenho quase certeza que sou de Marte, isso nunca será normal para mim. Maldito poeta autor da frase “O artista deve ir aonde o povo está”. Tomara que seja o mesmo do filme “A sociedade dos poetas mortos” que também disse Carpe Diem. Assim, já vai ter ido.

Pior é pra quem fica e tem que aguentar o circo que se forma a cada sinal fechado. De um lado, o ilusionista vendendo cofrinhos deformados, te fazendo acreditar que aquilo é um porquinho. Do outro, um contorcionista se entorta para parecer um deficiente, mas fica bom rapidinho quando o motoboy vem no corredor e ele corre para não ser atropelado.

Anda mais um pouco e, em outro farol, a atração vem até você! Anõezinhos sujos, catarrentos te estendem a mão, sob os olhares atentos de suas mães, sempre gordas como elefantes, sentadas e explorando as criaturas em troca do trocado de cada dia. Sem falar nos vendedores de bala, chiclete e pipoca, coadjuvantes do picadeiro asfaltado.

São Paulo é realmente uma cidade que respira cultura! Junto com fumaça, cheiro de rio podre e xixi. E nem precisa ser virada cultural! Basta sair de carro a qualquer dia, hora ou local para comprovar. Mas o show não pode parar. Aí surgem outros malabaristas fazendo performances com frutas, pedindo grana para comer. Porra por que não comem as maçãs!?

E o grand finale fica por conta do mágico que sempre surge ao estacionarmos o carro. O flanelinha! Primeiro ele pede dinheiro, o clima fica tenso, ele se afasta e fica a dúvida: Quando voltarmos, ele e o carro ainda estarão lá? Seja como for, Carpe Diem! Não gaste tempo com coisas inúteis, afinal a cidade é um show e adivinha quem é o palhaço...?