segunda-feira, 13 de junho de 2011

Meu nome não é Wellington

Eu sou formado, pós-graduado, se não estou enganado, ao todo já passei por seis instituições de ensino (desde aquele traumatizante primeiro dia de aula da minha vida!), sem falar nas de idiomas e de cursos técnicos que fiz. Mas, há algum tempo, era uma delas que me atraia e dizia para eu retornar. Até que um dia eu realmente decidi voltar para matar!

Antes que chamem a polícia, me deixa explicar! A mais ou menos quatro meses, eu voltei a primeira escola que estudei, para matar saudades! (Pronto. Pode colocar o fone no gancho) Não consigo explicar, ao certo, o que me deu para despertar essa vontade. Mas era uma forte atração que vinha sempre que passava perto do Colégio Nossa Senhora de Lourdes.

Só sei dizer que a partir do momento que parei o carro na rua do colégio, foi como entrar no túnel do tempo. Pois passava a me lembrar de coisas que estavam adormecidas até aquele momento. Lembro da minha mãe me esperando na hora da saída, conversando com as amigas, do lado de fora, e até da vizinhança que também parecia ser da minha família.

Como a Cleusa! Uma professora particular, de matemática, moradora do prédio em frente ao colégio, que me ajudou com a maldita matéria e que foi impossível não lembrar que, já as seis da manhã (horário que eu chegava para o reforço) me recebia com um bafo de cigarro dos inferno! Me fazendo aprender a como fazer as fórmulas e como aguentar o cheiro!

Voltando a escola, agora já passando novamente pelo portão, eu parecia um menino de trinta e um anos entrando na fonte da juventude! A secretaria está igual! Até as pessoas parecem que pararam no tempo. Acho que em escolas de freiras mudam pouquíssimas coisas e os funcionários passam a ser como os móveis do lugar. Viram ativos fixos do local!

Nessa “expedição”, minha guia foi a professora Solange! Que também não mudou muito. Passei pela diretoria onde, um dia, tive, pela única vez, a notícia de que tinha sido reprovado por meio ponto em religião! Pensando bem, eu acho que agora tenho outro motivo para voltar lá e matar! Mas não vou. O tempo já se encarregou em fazer isso com a irmã Rosalina.

Outra freira, da qual me lembrei, foi irmã Otília! O nome era esse, mas o apelido entre a molecada, era “ponto e vírgula”. Pois um defeito na perna a fazia mancar, dando um efeito tipo “tá raso, tá fundo” entendeu? Essa tinha cara de ruim. Mas pior era ter que passear pelo pátio de braço dado com ela, caso nos visse fazendo algo errado. O pior castigo!

Lembrei de tudo ao ver a capela; a quadra onde dancei quadrilha com a Juliana, uma coleguinha gordinha que ninguém queria como par; a porta de anão, atrás da parede da arquibancada; o futebol no recreio, jogado com pote plástico; o banheiro feminino onde a “loira do banheiro” às vezes aparecia e até onde eu dei meu primeiro beijo. Foi choquinho!

Revi a sala de onde a professora me tirou, dizendo que eu tinha colado! Imagina – Lembro de eu ter dito na época – A minha “Tenaz – bastão” está na lancheira, professora! Recordo do dia em que o Zé Luis (um terrível e gigante monstro de dez anos!) bateu na minha mão, fazendo voar as minhas figurinhas para os outros meninos pegar. Essa, eu confesso, doeu!

A sexta-feira em que era liberado levar brinquedos; as boladas de basquete que o professor de educação física, Raul, dava naqueles que se recusavam a participar de suas aulas e a nossa imensa curiosidade em saber o que tinha além das portas do elevador, que levava para os aposentos das freiras; são algumas das coisas que revivi e que levarei para sempre.

Deixei o colégio, agora já adulto, dando ainda mais valor ao que tive o privilégio de passar. Pois além de saber que não volta mais, hoje tudo mudou tanto que ninguém mais, nem bate figurinhas. Saí mais leve! E enquanto uns voltam para barbarizar eu voltei para agradecer o lugar que passei do Jardim a quinta série do ensino fundamental e que não há igual! Valeu!