quarta-feira, 22 de junho de 2011

Bike is life

Somos animais. Por mais dinheiro que se tenha e mais evoluído que se ache, não dá para negar. Animais. Única espécie que se destaca por ter um polegar opositor; capaz de formar sociedade e que possui o livre arbítrio. Porém, ainda assim, animais! Com instinto primitivo de domar fêmeas a força; controlados e que, por muitas vezes, escapa.

Parte integrante de uma classe que segue a risca a tal lei da sobrevivência (ainda mais se analisado os que vivem na selva de pedras), responsáveis pelas modificações no modo de vida de todos a sua volta (quase sempre para pior), incluindo a invenção de uma nova categoria de comportamento dentro da cadeia alimentar. Veja exemplos:

No mato, a folha da árvore cai. Um gafanhoto come. Uma ave come o gafanhoto, que é presa da Jaguatirica. Esta defeca; insetos comem; a cobra papa os insetos; outras aves caçam a cobra e o ciclo segue. Já na cidade, os caminhões e ônibus poluem, não ligam para os carros, que vivem querendo derrubar as motos e estão todos contra a bicicleta!

A principal diferença entre eles é que neste último não há cadeia para os descontrolados. E aqueles que conseguem domesticar seus impulsos, ao entrar num veículo, vestem uma espécie de avatar indestrutível e pronto para matar! Uma ferramenta que expõe a lei do mais forte; enjaula os animais e a habilitação vale como porte de arma.

Já não bastasse tantas guerras por aí; você que nem cumprimenta seu vizinho; linchamentos a quem não tem culpa de ter nascido, agora também existe o desrespeito com um elemento fundamental para acabar com o trânsito das metrópoles; a diminuição de enfartes; a melhora do ar do planeta; a qualidade e vida e até a salvação do romantismo.

Lembra da propaganda: “Não esqueça a minha Caloi”? Acho que muita gente esqueceu. Eu não! Lembro dela e das outras que fizeram, e ainda fazem, parte da minha vida. Desde a primeira Freestyle, aro vinte, vermelha com roda estrela, que ganhei logo depois que larguei a Tonquinha da Estrela, também chamada de velocípede e sem as rodinhas!

Lembro da Aluminum branca, aro vinte seis, totalmente rígida, parceira da minha primeira trilha e do primeiro grande tombo. Da Alfameq Tirreno vermelha, já com suspensão dianteira. A Cannondale Super V700, cinza, que rachou de tanta fadiga e minha companhia quando me perdi na Serra do mar. Pensei em a abandoná-la, mas não tive coragem.

Recordo a Santa Cruz Bullit, também vermelha, que aguentou pancada, quebrou duas vezes e ia longe arrumar, como se levasse um parente ao hospital para salvar. Fora a Astro DH8 (adivinha a cor?) companheira na melhor fase de Downhill e a Rainbow, verde, herança do tio, que uso para passeios urbanos e como outro meio de transporte.

É muita história, carinho e lembranças no banco de uma magrela, no guidão da liberdade de quem é fiel; primeira namorada; minha única amante; uma outra minha amada; que convive bem com a humana atual e eterna; e que também não se conforma em ver como a de duas rodas é discriminada. Odeio aperto, não gosto muito de pessoas e amo minha bike!

Um comentário:

VICIADOS EM CAFÉ disse...

Que vergonha, nunca aprendi andar nesse treco...