quarta-feira, 8 de junho de 2011

E o vento (quase, me) levou

Eu estava pronto. Já tinha tomado banho pela manhã; vestia uma blusa quente; uma mochila nas costas (com um guarda-chuva dentro) e me preparava para voltar para casa, já a noite, quando tudo aconteceu. E foi uma coisa de cinema! Pois foi só colocar os pés na rua, para parecer que alguém bateu a claquete e disse: Gravando! Sem me avisar nada.

Por três quarteirões, andei sem sentir uma bendita gota cair. Que ótimo! – Pensei, ainda caminhando e começando a sentir as primeiras. Tudo bem. Se apertar eu tenho guarda-chuva! – Refiz o pensamento contando com o acessório que levava na mala. Mas se soubesse, o que viria a seguir, teria levado um escudo ao invés de uma sombrinha!

Pois se antes o cenário onde estava parecia do filme “Dançando na chuva”, foi só dobrar a próxima esquina para o enredo mudar e me colocar dentro de “Os 300”. Se estivesse na minha pele, naquela hora, iria entender o lance do escudo já que parecia ser a única forma de me proteger das rajadas de vento que me pegaram de surpresa na quebrada.

Era mais rápido que o Rubinho, chegando a uns oitenta quilômetros por hora, vindo de todas a direções, derrubando tudo. Placas, toldos, árvores, tapumes e construções. Bem parecido com o Lobo Mal da história dos três porquinhos, mas parecendo que a boca de onde saiam aqueles sopros, era do tamanho do mundo, pela potência dos assopros!

Ventos que nunca vi igual! (Até por que, ninguém consegue vê-los!) Capazes de fazer com que; se alguém conseguisse urinar numa rua do Belenzinho, naquele instante; o xixi iria parar na Mooca, de tanta velocidade produzida pelo invisível. E eu indo para casa, como se agora estivesse nas gravações do “Twister” indo de encontro ao olho do furacão.

A esta altura, minha única arma ia se despedaçando aos poucos. Vareta a vareta, minha umbrella chinesa, foi se quebrando e me deixando como a personagem do filme “Rapsódia em Agosto”, mas num remake feito em Junho, depois que coloquei a lona na frente e quase bati numa pessoa que corria, levada pela ventania, desviando de cinco postes.

Sorte da “Mary Poppins”, que vive em Londres. Por que se estivesse por aqui ontem, iria acabar como aquele padre do balões, que teve seu destino mudado graças ao vento! Tudo bem que o vendaval dissipou a terrível poluição, mas sou eu que terei que recolher a sujeira das telhas quebradas do vizinho, que caiu no meu quintal. E isso é real!

Cheguei em casa desarrumado; despenteado; cueca no avesso e da cintura para baixo, encharcado! Vi na televisão que o fenômeno até produziu ondas nos podres rios. E que a previsão é de mais vendavais chegando! Assim, hoje paro por aqui, para poder comprar uma nova sombrinha. Quem estava em São Paulo, ontem, sabe do que estou falando. The end!