sexta-feira, 3 de junho de 2011

O emprego mais difícil do mundo

Já perdi as contas de quantos processos seletivos já participei. Acho que só estão faltando o programa do Jô e ficar de frente com a Gabi, de tantas entrevistas que já fiz! E tudo se repete. A primeira ligação; o entusiasmo; a busca no Google mapas para localizar o endereço; os preparativos; as várias idas até lá e a eterna demora para darem um retorno.

Já devo ter feito tantas redações, nesses processos, que certamente daria para escrever mais uns quatro livros! A continuação da Bíblia, por exemplo! Isso sem falar que só faltou passar por uma conversa com a faxineira para ela saber se eu costumo derrubar café na mesa; se tenho hábito de limpar bem os pés antes de entrar ou mesmo se levarei marmita.

Já foram tantos testes que, se não me engano, só não fiz o da cabra cega; o da memória e aquele de bater o martelo no joelho para ver o reflexo. E tudo por uma vaga de emprego que, normalmente, se exige tudo de início e não será usado nem metade no dia a dia. Mas isso eles nunca falarão no dia daquela conversa em que todos são falsos.

Já respondi tanta pergunta que, na minha relação, apenas algumas ainda não me fizeram. Exemplos: Qual a curvatura máxima do pênis? Qual a maior profundidade de uma cavidade vaginal? Sabe a distância de um cuspe? O alcance do palavrão? Até onde respinga um esporro? Onde moram as ideias? Quem adia o castigo? O que há de errado comigo?

Já nem sei mais em quem acreditar. Se é na pequena empresa que, diz, estar crescendo e que por isso o salário inicial é baixo, mas que logo vão aumentar; ou se é na multinacional, que usa um papel sulfite branco, tradicional, com o símbolo de reciclável no canto, disfarçando! É a selva de pedras, cheia de lobos em peles de cordeiros engravatados.

Já cheguei a conclusão que uma das poucas empresas que realmente cumpre com o que promete, é a fabricante do Viagra. Que, em sua missão, menciona o crescimento sustentável. (Mesmo que seja só por algumas horas!) Mas de resto, dificilmente encontrará uma que não fale demais e não aja de menos. Olha, confesso que está duro o negócio viu!

Mas tudo bem. Sou paciente; compreensível; nada ansioso; fiz ioga; mastigo bem para facilitar a digestão e continuo esperando alguém me ligar. Só espero que quando isso acontecer, não seja no mesmo dia em que eu estiver dando entrada na minha aposentadoria por idade. Pois sou eu quem não vai poder comparecer! Eles que me esperem!