terça-feira, 31 de maio de 2011

Frio da bexiga

Passei o dia inteiro com os pés gelado. Literalmente um pé frio e duro, quase congelado, mesmo usando duas meias e um calçado que os abraçava confortavelmente, mas que não adiantou nada. Eles não esquentavam nem quando eu andava, parecendo até que estavam sem circulação e sufocados pelos apetrechos que tentei inventar para esquentar.

Mesmo assim, devo dizer que gosto de frio. Prefiro sentir um ventinho gelado no rosto, enquanto o resto está todo agasalhado, do que passar pela triste sensação de suar igual a um camelo velho (mesmo ficando pelado), atravessando um deserto, onde até na sombrinha está uns trinta e oito graus, sendo seguido por um bafo quente do inferno!

Prefiro o inverno. E só não gosto muito é daquilo que ele causa. Nariz escorrendo que faz as pessoas ficarem fungando ao seu lado, e chupando o naso; mãos petrificadas; sintomas de resfriado e o tal pé gelado. Sem falar na difícil ação de ter que largar aquele maravilhoso banho escaldante e na quase impossível missão de sair da cama pela manhã.

Ah! A minha cama...! O Cabo Canaveral de onde parte, toda noite, a nave dos meus sonhos! (Poético isso não acha?) E era justamente para onde eu queria voltar, ao fim do dia, para poder reviver aquela confortante sensação de estar no útero materno. Um local aconchegante, seguro e quente, como o ventre, para aquecer o meu corpo todo.

E foi isso que fiz ao chegar. Tirei toda a roupa, deixando as meias para o final, para poder me enfiar no leito e me preparar para a viagem rumo ao descanso. Mas eu não contava com um imprevisto, que tumultuaria meu plano e que é sempre causado pela época do ano mais fria. O aumento da vontade de ir ao banheiro. E o pior, sempre de madrugada.

Fora dos lençóis, devia estar sete graus. Sob eles, algo perto dos trinta. Mas minha bexiga parecia nem ligar para isso e estava disposta a me causar um choque térmico, no meio da noite, só para satisfazer sua vontade. E eu estava quase parecendo um cachorro que quando fica contente e satisfeito, começa a fazer xixi sem ligar para onde está.

Até tentei disfarçar; voltar a sonhar; segurar mais um pouco (talvez por mais cinco horas); fazer de conta que não era comigo, mas não teve jeito. Parecia uma incontinência urinária, que começara a se manifestar aquela hora, pois não lembro de ter ido muito ao banheiro durante o dia e nem ter tomado água antes de deitar, para exatamente isso evitar.

- Porra! Justo agora que esquentei o pé! Pensei; já ereto, descalço e tremendo diante do vaso; estudando a possibilidade de mijar neles para reesquentar. Mas como isso também me faria levantar para dar fim ao cheiro, desisti. Fiz na privada; voltei pra cama; passei o dia e a noite toda, com os pés gelado e comprarei um papagaio hospitalar para dormir em paz.